Ao meu avô! O Gigante que deitou-se para descansar.

Por Francisco Azanha

Ao meu avô! O Gigante que deitou-se para descansar.

Na manha dessa quinta-feira, o dia amanheceu mais feio. E o mundo mais injusto.

Pois o maior gigante que já conheci fechava seus olhos pela última vez, e deixou meu coração cheio de saudade.

Meu avô, o melhor homem que pude conhecer, nos deixou. O homem que é a minha referência, que me representa o que significa ser justo, honesto, íntegro. Que me representa o que é ser homem, ter caráter. Deitou-se para descansar. Senti-me órfão pela primeira vez.

Mesmo sendo a ordem natural da vida, não há como estar preparado para perder alguém de tamanho valor.

O homem que criou a família própria e ajudou a criar a dos outros. Foi um grande companheiro para a minha avó por mais de sessenta anos. E nunca, jamais, os vi brigarem.

Um homem que encontrava sem tetos nas ruas e arrumava emprego. Um homem que cruzava a cidade para devolver poucas moedas que foram dadas a mais no troco do supermercado. Que realmente dava sua blusa a alguém que estivesse passando frio. E que sempre escolheu o caminho certo. Mesmo que fosse o mais difícil. Não importando quanto ou o que custasse. E fazia isso naturalmente, sem bandeira, fazia porque era o certo. E ele não conhecia outro caminho.

Um homem que parecia ingênuo por vezes, por que realmente não sabia o que é ter maldade. E assim sempre via o melhor nas pessoas.

O homem que me ensinou muito, sem dizer quase nada. Ensinou-me pelo exemplo. Pela forma digna que escolheu viver sua vida. Nunca por discurso. Sempre pelo exemplo. E foram tantos...

O homem que tinha um reo de cavalos atrás da porta da garagem, que era chamado de “amansa neto”, que jamais saiu da parede para ser usado. Mas que sempre cumpriu o seu papel, de simbolizar que ou se faz o que é certo, ou a vida irá te punir.

O homem que me ensinou que uma mulher deve ser tratada com carinho e respeito sempre. Jamais pode ser maltratada.

O homem que com mais de oitenta anos, dobrava os joelhos ao lado da cama todos os dias, para agradecer. E aos 84 anos, deixou uma família que o ama e o admira.

Seu legado fica! Mas perdoe meu egoísmo, eu queria também a sua presença. Ainda tinha muito a aprender com o senhor.

Sem o senhor o mundo ficou mais feio, e sem a sua presença, sua honestidade, ficou também mais injusto. Mas certamente o céu, o lugar que o senhor sempre acreditou existir, tornou-se mais bonito com a sua presença.

“Vô Azanha”! É um privilégio ser seu neto. E o maior orgulho da minha vida é carregar seu nome, e ser reconhecido por ele. Espero um dia ser capaz de ser metade do homem que o senhor é. Muito obrigado! Estou com muita saudade. Seu neto, Francisco Azanha.